Rami Saari
No segundo convés do navio que singra entre Finlândia e Suécia,
no beliche de baixo, está deitado um jovem cigano de vinte anos,
chamado Tino (um metro e oitenta, cabelo liso, escuro,
olhos cor de amêndoa torrada, calçando o quarenta e um –
um dos meus números preferidos). Ele e os parentes,
apinhados no cubículo, animam-se muito ao saber que sou hebreu.
Tentam convencer-me dos laços apertados de família
entre Deus e Jesus, mas eu viajo ao encontro do meu amor na Grécia.
Entretanto, observo os dedos morenos de Tino.
Uma vez por semana dedilham as cordas da ventania
na igreja do Pentecostes em pleno coração da capital sueca.
Dedos bonitos, de ascendência indiana, o que é que isso importa.
Na viagem é a beleza sempre, e o caminho segue para lá.
Tr. João Paulo Esteves da Silva, Ed. Maria F. Roldão, NERVO Colectivo de peosia, Nº 23, Jan/Abr 2025
PORTUGUESE POETRY translated by Saari to Hebrew
PORTUGUESE PROSE translated by Saari to Hebrew
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NERVO Colectivo de peosia, Nº 23